Uma pesquisa do ministério do trabalho em emprego, divulgou um dado muito peculiar para os chamados tempos de crise e de cautela. Somente de janeiro a julho de 2024, o número de pedidos de demissões nas empresas chegou a mais de 4 milhões e 200 mil pedidos formalizados pelos trabalhadores e já chega a 14 por cento maior que no ano passado, onde os pedidos de demissão foram de 7,3 milhões de vagas desocupadas por trabalhadores que estão em busca de maiores salários, metas diferentes e até alinhamento de valores das empresas consigo mesmo.

Para a consultora de carreiras, Fabiola Molina, isso está diretamente relacionado a gestão e também ao aquecimento do mercado de trabalho. “Entre os principais motivos para desligamentos a pedido, a busca por um salário mais competitivo continua sendo a maior motivação. Além disso, fatores como o desejo por maior reconhecimento, menos estresse, um líder com melhor relacionamento ou a busca por uma empresa com valores mais alinhados também se destacaram entre as razões citadas este ano”, afirma Fabiola.

A Carteira de Trabalho Digital foi o principal instrumento para fazer o levantamento. As perguntas foram enviadas para trabalhadores, que podiam acessá-lo pelo aplicativo de celulares ou internet. Muitos responderam ao questionário, mas nem todos admitiram o pedido de demissão, mesmo ele estando registrado na base do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Entre os motivos para deixar o emprego, o salário ainda tem o maior peso na decisão: 32,5% dos profissionais pediram demissão pela baixa remuneração. Na média, 58% conseguiram ganhar mais após a mudança e a mesma porcentagem vale para os profissionais que conseguiram se recolocar no mercado de trabalho formal até junho.

Fabiola também destaca que a falta de flexibilidade no trabalho, uma das principais prioridades para os profissionais atualmente, especialmente os mais jovens, tem sido um fator significativo. “A pesquisa revela que muitos profissionais também apontaram, principalmente nas grandes capitais, a dificuldade de mobilidade entre casa e escritório, além do estresse relacionado ao trabalho, como razões que os levam a buscar oportunidades em outros lugares. Fica a dica para que as empresas invistam em consultorias especializadas para identificar esses gargalos e reter talentos que estão saindo por uma série de motivos”, acrescenta a consultora de carreiras. Fabiola reforça que, diante do aumento no número de demissões, é fundamental que as empresas ajustem suas estratégias. “Embora uma política de remuneração competitiva continue sendo essencial, sabemos que o salário, por si só, já não é mais suficiente para garantir a retenção e a satisfação dos colaboradores”, enfatiza.